segunda-feira, 12 de maio de 2014

movimentos perpétuos

Estou ali assim. Sem me mover. Estático - completamente estático. À minha frente está um homem e uma mulher. Gesticulam. Ouço-os a rir. Gesticulam, como quem chama, como quem quer muito algo, como quem quer apertar, como quem quer abraçar. Sim - essa é a palavra certa. Abraçar - o abraço maior. Ouço-os. Riem-se. Chamam por um nome que reconheço, chamam por mim. Não sei porque o reconheço se nem me conheço. Não sei quem sou, nem onde vivo – mas reconheço. Não tenho nome mas tenho nome. Tenho um nome. Chamam-me e riem-se muito. Não sei quem são estes dois gigantes, apenas sei que sorriem muito para mim. Eu sorrio de volto. Solto sons desconectados e cortados na ânsia de lhes responder. Caio. Tento equilibrar-me. Uma e outra vez - vezes sem fim. Uma e outra vez. Caio novamente. Eles chamam mais por mim, gesticulam freneticamente numa alegria desmedida. E eu equilibro-me em evidente esforço e dou passos cambaleantes e inseguros. Até que os alcanço e em festa erguida levantam-me ao ar. Contentes. Apetece-me cantar mas ainda não consigo porque foi assim que com um ano de vida que comecei a andar.

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