Desce
por mim uma culpa quase vergonhosa de tanto me pertencer. De tanto me possuir.
De tanto – meu deus – que não há fim, na mais dura das maldições me fazer sua.
Receio
não me distinguir. Esta pérfida obscena, pela qual me faço trespassar, poderia
muito bem ser enfeite de manto gelatinoso, que eu, inutilmente – assinalo –, jamais
teria capacidade de despir.
Falta
pois, se não faltar mais alguma coisa, a vontade que a faça estremecer, a ela,
à culpa; estendida sobre mim, escorre devagar e vai sorrindo num estúpido
frenesim.
Quando
por me ser escopo, me chega à noite e eu, julgando-me pesado cansaço, pretendo
estar entregue ao merecido descanso, eis que no silêncio disfarçado me chega o
bulício da sua confusão. E sem apelo nem misericórdia, esta puta velha de olhar
desprezível, leva, uma vez mais, a sua de vencida e sem demoras arrasta o meu
coração atado madrugada fora.
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