sexta-feira, 31 de julho de 2015

libertad

Cultiva em ti a paixão pelas coisas não nascidas, o absurdo de pintares a face com as cores das tribos índias, o verão índio e selvagem interminável dentro de ti, cultiva a partilha sem esperança ou expectativa de qualquer retorno, nem uma molécula de atenção ambiciones, dorme profundamente seis horas por dia para que de manhã as olheiras não te sejam peso e espelho da noite de fuso, apanha sol muito sol, vive as coisas simples de forma simples, diz para ti as vezes que forem precisas: «KISS» – keep it simple stupid, cultiva os pensamentos o suficiente para estares ciente e consciente das tuas escolhas, mas pára quando os mesmos te forem espiral tortuosa para que não te sintas cansado e obcecado, lava a louça e a roupa com um sorriso porque dos pratos te alimentas, e as roupas cobrem o que é sagrado e ficam sempre bem espalhadas à toa no chão do quarto com quem as tiras, escreve cartas, compra envelopes, selos e escreve no destinatário o nome de um amigo com o qual há muito não falas, envia-a sem hesitares, sorri muito, dança nem que seja sozinho em casa, vê o mar adormecido na profundidade da madrugada, mergulha nu nas ondas, deita-te na praia ainda que chova, sente o vento na cara e diz agradecido – que bom estar vivo mesmo que te sintas a maior merda à face deste planeta maravilhoso -, bebe muita água, adopta um animal, um companheiro que te ensine a cuidar de alguém e que te seja fiel, planta não uma árvore mas muitas e abraça cada uma delas, areja o quarto mas nunca faças a cama ainda morna dos corpos dormidos, vê filmes estúpidos que te façam rir, vê filmes pornográficos e faz sexo, paixão, amor, desgraça íntima ao ar livre, lê banda desenhada, calça uns ténis rotos e vai a uma festa qualquer onde possas cagar na puta do «dress code», não laves os dentes mais do que dois minutos seguidos, fala menos e ouve mais talvez por isso tenhamos dois ouvidos e só uma boca, beija muito para que não deixes que os teus lábios sequem, confia na vida, no teu deus na forma como o vês, no universo, na bruxa, no padre, amuleto ou caracol, mas confia de coração, sê prudente e preservante, mas não te esqueças de partir um vidro à pedrada pelo menos uma vez na vida, bem como andar à porrada por uma estupidez qualquer para que percebas que a violência não singrará em nada e que o teu corpo não te agradece as feridas, escolhe os teus amigos não por serem bom conselheiros, mas porque te abraçam quando precisas, e te dão nos cornos na mesma medida quando deves levar, viaja com eles o suficiente para quererem voltar contigo novamente para casa, cozinha bastante, não há maior prova de amor que presentear alguém que estimas com um prato elaborado com dedicação, ri-te se no fim estiver insosso ou salgado, não leves as coisas demasiado a sério deixa isso para quando te chegar a morte, quando te derem algo nem que «só» sejam palavras diz agradecido em vez de obrigado, não o és a nada e muito menos te sintas na obrigação  de dar o que quer que seja em jeito de pagamento, e, por último, 

esquece toda a merda que leste, e faz as coisas como te sentes melhor e à tua maneira.

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