quarta-feira, 9 de abril de 2014

é ali

dentro daquela garrafa que respira o miúdo. Tosco, desajeitado e pouco racional, espera algo que não sabe que forma tem. Apenas possui crenças que, por vezes, são aniquiladas por um reflexo de vidro escuro. Dentro daquele espaço, vai construindo o seu mundo, também este, desajeitado e imerso no caos. De olhar nos aviões que aterram algures por entre as torres de cimento, encolhe-se sem saber muito bem que tecer. Já há muito que se apercebeu que o sol surgirá novamente, amanhã por assim dizer, peneirado por aquela pequena abertura chamada "gargalo". Sabe que a fronteira é limite, e que a madrugada da vida assassinará sempre a sua noite. Não há gente que o encontre ali. Mergulhado, dentro da sua garrafa, bebendo a sua própria urina. Um dia morrerá, sem conhecer as coisas que haviam na mesa, onde a sua casa-garrafa há muito se fazia resplandecer.

Sem comentários: