sexta-feira, 13 de junho de 2014

a nossa pele

Uma amiga minha liga-me a contar que um ex-namorado (detesto o termo «ex»), agora casado há uma cabazada de anos, pai de dois miúdos, lhe anda a ligar continuamente para ir ao tal café «clássico», com uma vontade enorme de a ver e ela já não sabe muito bem como lidar com a situação, uma ex-namorada minha (já disse que detesto o termo «ex»?) liga-me a contar que a noite dos santos foi hardcore, que abusou do vinho e das jolas, e que, na euforia com um grupo de amigos, partiu uma montra, passando a noite a ressacar na esquadra, o álcool não é para qualquer um, digo, e agora não sabe muito bem o que lhe vai acontecer, pagar a montra no mínimo, digo, depois, um amigo meu de infância, casado também, que encontrei ali à porta de um café onde fui desafiar a minha sorte no Euro-Fuckin'-Millions (para quando a puta da viagem à volta do globo terrestre?) conta-me que no trabalho anda a ser assediado à bruta por uma loura com tamanho de sutiã (fui ao Priberam para confirmar como se escrevia em português) 40 copa B, e também já não sabe gerir, como ele diz - a pressão, que um dia talvez ceda, mas que não quer magoar ninguém, e eu respondo, tenta uma cena a 3 com a tua mulher, também não percebo um corno de relações, enfim, já se sabe que estar na nossa pele é fodido, e que nunca estamos bem com o que temos, mas acredito que a paz há-de chegar a todos, ou então estou só ligeiramente optimista, e penso que vou ali para a praia, apanhar um escaldão na minha pele, a espera que depois ela caia porque estar debaixo dela também é lixado e também não sei o que quero. É isto.

Sem comentários: