sábado, 20 de junho de 2015

oeiras

descia sempre em passo acelerado. era comum a busca daquela felicidade estúpida, estéril e deserta para o visitar. no fundo - já o sabia - ia esfaquear o estômago tal como o fazia noutras ruas apáticas onde uma claridade irritante expunha a ignomínia dos seus dias. demorava-se pouco e falava pouco também. a clientela olhava de soslaio fingindo ler o jornal ou outra merda qualquer. depois, voltava a fugir como um cão abandonado, olhos como dois planetas a querer cuspir um corpo inteiro e doente para fora. debaixo de todo um céu azul, dobrado sobre si, esperava que uma morte não lhe chegasse, mas ao mesmo tempo desejava a vida e as tréguas dos enfermos que esperam a mesma na puta da cama. nunca me disse o nome dele, mas eu simpatizava com o gajo; sei, isso sim, que trazia sempre a mesma t-shirt. era amarela.

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